A “troca de favores” que pode custar sua empresa

troca de favoresVocê sabe por que aceitar presentes de fornecedores e parceiros pode ser prejudicial à transparência na sua empresa?

Um presente pode acabar com a reputação da sua empresa. Já parou para pensar que, se analisarmos friamente, todo escândalo da Petrobras começou assim? Era uma troca de favores com base em uma corrupção gigantesca. E se você acha que essa realidade está longe da sua empresa, melhor pensar duas vezes. Vamos imaginar o seguinte cenário:

Você chega na empresa, abre a porta da sua sala e vê um presente em cima da mesa. Em um primeiro momento, você pensa que pode ser um engano, talvez alguém tenha confundido a data do seu aniversário, mas, ao ler o bilhete que acompanha o presente, descobre que é de um dos seus fornecedores. Você abre o pacote e algo não parece certo. Por que ele lhe daria algo? Talvez uma tentativa de estreitar o relacionamento dele com a sua empresa?

Muitos empreendedores passam por essa experiência e a grande maioria não vê mal nenhum nessa prática, mas saiba que esse tal de “reconhecimento comercial” pode soar como troca de favores e levar a sua empresa a uma série de outras fraudes. O ideal é quebrar esse tipo de prática desde o princípio no seu negócio.

Presentes são um exemplo bem claro de um mecanismo que pode se desenvolver nas empresas mais conhecido como Teoria da Dádiva. A Dádiva é representada pelo ciclo de dar, receber e retribuir, fazendo circular presentes, favores, serviços e “gentilezas”. O alerta aqui, é: o incentivo para a fraude pode ser um agrado, e não apenas um objeto com valor mercantil.

ciclo

o ciclo da dádiva

A dádiva está sempre presente nas nossas relações profissionais, principalmente com a oferta de presentes ou empréstimos (inocentes) dados e recebidos por fornecedores e clientes. Ela cria, consolida e reproduz os laços sociais entre os parceiros da troca de dádivas, privilegiando interesses instrumentais e utilitários.

É importante fazer sempre a diferenciação entre dádiva e mercadoria, pois mesmo que ambas sejam providas de interesses, o objeto na dádiva não pode ser mensurado em termos econômicos. Em outras palavras, quando esse objeto tem valor econômico mensurado de modo explícito, a relação é mercadológica. Complicou? Vamos a um exemplo:

Imagine que você está procurando por um novo fornecedor. Você roda a concorrência, escolhe a empresa e, ao final do contrato, ele te envia uma caixa de vinhos como retribuição pela confiança em seu serviço.Quando, em outro momento, você for procurar por um novo fornecedor, o nome dele, muito provavelmente, vai aparecer em sua mente comparado aos de outras empresas que já prestaram serviço para você. E, em muitos casos, o empreendedor acaba escolhendo a empresa que lhe forneceu algum “mimo”, mesmo que ela não seja a melhor escolha.

Então, como evitar presentes pode melhorar a transparência dos seus negócios?

Não tem jeito, a dádiva é algo inalienável. Você não tem como prever os presentes que vai receber ao longo dos anos, mas pode, sem dúvidas, agir da forma certa caso isso aconteça. A regra é simples: devolva-o ao remetente! E você pode estar pensanr “mas era um – insira aqui algo que você goste muito – quando terei a oportunidade de ter isso de novo?”

Bem, se esse agrado não for devolvido, poderá gerar uma dependência indesejada entre o doador e o receptor. A função da dádiva privilegia interesses instrumentais e utilitários como, por exemplo, o interesse da aliança.

O “ME AJUDA QUE TE AJUDO” PODE TER IMPACTO DIRETO NA FALTA DE TRANSPARÊNCIA DA EMPRESA.

Quer melhor exemplo disso do que o escândalo da Petrobras? E não é só essa empresa que teve sua reputação balançada nos últimos tempos. A ONG Transparência Internacional apontou, em seu último relatório, que a média do índice de transparência piorou de 3,4 para 3,8 comparado com os resultados gerais do relatório de 2013.

O jornal O Estado de S. Paulo, em referência ao relatório, destacou que “no Brasil, as consequências do escândalo da Petrobras custaram a esta empresa petrolífera estatal não só sua reputação, como lucros cessantes estimados em US$ 1,5 bilhão.” Todos sabem que um escândalo de corrupção pode afetar a imagem da empresa, mas a dúvida permanece: e se minha empresa não tem esse nível de exposição, porque devo investir recursos (tempo e dinheiro) no tema “transparência”? Simples:

A FALTA DE TRANSPARÊNCIA COMEÇA NOS PEQUENOS ATOS, COMO UMA INOCENTE TROCA DE PRESENTES. SÃO ELES QUE PODERÃO CRESCER OU NÃO COM O SEU NEGÓCIO.

A temática da transparência deve estar na pauta de qualquer empresa, independentemente do tamanho, ramo de atividade ou exposição no mercado, pois a ausência dela poderá gerar prejuízos diretos e indiretos em sua eficácia financeira, inclusive.

Não basta o código de ética “proibir” o recebimento de presentes nas relações comerciais dos seus colaboradores.A empresa precisa demonstrar a lógica do porquê o colaborador não deve receber presentes e favores de fornecedores. A melhor maneira de exercitar a transparência no seu negócio é fazer com que a sua equipe entenda que quando recebe um presente (inocente) aceita começar uma relação de troca que não traz ganhos para o negócio.

Claro, não estamos falando que a sua empresa pode ser a próxima Petrobras, mas prestar atenção nos pequenos detalhes é que vai fazer da sua empresa um lugar mais ético. E aí, o que você vai fazer com aquele presente que ficou em cima da mesa?

 

Autor: Renato Santos
Fonte: Endeavor

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